Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 6

Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 6

Dia 4 – Yanama a Yungay

14/09/2019

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O plano era sair de Yanama e parar na laguna de Llanganuco, onde havia um clube que os locais de Yungay vão no fim de semana. Botaríamos as bicicletas numa van até Yungay. Supostamente haveria transporte, mas a realidade acabou sendo diferente.

Saímos as 7:30 da pousada. Tomamos um bom café, além de um chá de coca extra forte, pois o dia seria o mais difícil da viagem. De Yanama até o passo de Portachuelo seriam mais de 30 km de subida praticamente incessante. Sairíamos de 3.300 m e chegaríamos a 4.735 m.

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Sobe, sobe, sobe.

Para piorar as coisas, a estrada era bem ruim, com pedras salientes. Além do esforço de pedalar, havia um esforço extra de ficar o tempo todo procurando um traçado menos trepidante, o que não era fácil e minava o moral.

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Esse era o piso durante todo o dia

Eu tinha lido que o caminho seria ruim e fui com pneus de 2.1″ na dianteira e 1.95″ na traseira. O Ricardo foi com os 1.75″, que normalmente usamos em cicloviagens. Ele sofreu mais do que eu. Se alguém planeja fazer esse roteiro, recomendo pneus acima de 2.0″.

Lá pelos 5 km pedalados, comecei a ouvir um “tec-tec” na roda traseira. A suspeita de um raio quebrado se confirmou quando fui verificar. Deve ter sido a descida do passo Pupash, no dia anterior, que abusou da magrela. Como estava com freio a disco, um possível desalinhamento na roda não afetaria a frenagem. Mesmo assim, fiquei mais atento para evitar impactos na roda traseira.

Na estrada havia marcas recentes de pneus de mais duas bicicletas, pelo menos. Fomos encontra-los num camping já próximos de Yungay, onde pararam para dormir.

Pedalamos até Vaqueria, onde paramos para comer um cevichocho. Esse é um prato regional da Cordilheira Branca. É um ceviche, só que sem peixe. No lugar dele vai uma leguminosa chamada chocho. O chocho (ou tauri/tarhui) é nativo dos Andes e só cresce acima dos 2.000m. Dizem ser um super alimento, rico em proteínas, gorduras boas e outros nutrientes. Em breve vai aparecer nas lojas de produtos naturais.

Eu e o Ricardo havíamos passado em Vaqueria num trekking no ano 2.000. Naquela época, o lugar era um completo nada, só um ponto no mapa. Agora havia algumas vendas e pousadas simples.

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Parada para descanso e lanche em Vaqueria, o último ponto de apoio do dia
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Comendo um cevichocho em Vaqueria

Depois de Vaqueria não havia mais casas ou qualquer sinal de civilização. A vegetação era de altitude e a única coisa familiar eram as intrépidas vaquinhas da Cordilheira Branca. Continuamos a ver esses bichos até uma altitude de uns 4.500 m. E as suas marcas pelo chão.

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Pelo caminho cruzamos com alguns valentes caminhões e vans passando por aquela estrada ruim. Eles eram o nosso plano de fuga, se precisássemos de ajuda.

A estrada começou a fazer um zigue-zague contínuo e começou a nevar. Vestimos novamente as toucas de banho. Começamos a chegar numa região de lagunas de altitudes. Elas e os glaciares formavam uma paisagem muito bonita.

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A subida ao Portachuelo é muito mais exigente do que a da Punta Olímpica, apesar de terem altitudes parecidas. O caminho da Punta Olímpica é todo de asfalto, além de sair de um ponto mais alto. O cansaço acumulado de 6 dias de esforço, a altitude elevada e a estrada ruim se faziam sentir. Eu estava rendendo pouco e o Ricardo estava desanimado. Ele decidiu que pegaria uma van, caso passasse alguma, até o passo de Portachuelo. Só que não passou nenhuma e o remédio foi continuar pedalando. Eu estava respeitando o meu ritmo e queria chegar pedalando, demorasse o quanto demorasse.

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Seguimos com constantes paradas para descansar e adivinhar onde seria a última curva antes do passo (ainda estava longe). Já havíamos pedalado, em subida constante, mais de 30 km. Ainda faltavam 2 km pelo mapa baixado no celular. Juntamos o restante de energia e continuamos em frente.

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Chegada no passo Portachuelo

Quando chegamos ao passo de Portachuelo foi uma sensação de conquista muito grande. Parecia que, depois de ter vencido essa etapa, conseguiria fazer qualquer coisa. Subimos tudo aquilo sem empurrar um único metro.

O visual lá do alto era impressionante. Portachuelo é uma corruptela de Porta del Cielo (pelo que li em algum lugar). E é essa a sensação que tive: o céu a frente, a quebrada e as lagunas de Llanganuco abaixo, do lado esquerdo, os dois cumes do Huascarán e, do lado direito, os quatro cumes do Huandoy.

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Essa é visão do Portachuelo num dia aberto e com uma grande angular (peguei de algum site na internet)
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Nos cumprimentamos pela missão cumprida (o Ricardo estava feliz de não ter pegado uma carona), tiramos muitas fotos e comemos um pouco. A diversão era descer as dezenas de curvas até Cebollapampa, uma área plana antes das lagunas. A descida exigia muito, com estrada igualmente ruim, trepidação e curvas acentuadas. A paisagem em volta fazia tudo isso valer a pena. A medida que descíamos, novos ângulos do lugar eram descobertos.

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Passamos ao lado de um riacho caudaloso que vinha do glaciar do Huascaran, mais um pouco e chegamos na parte plana, Cebollapampa. Tem uma infra de camping lá. Havia até uma barraca com alguém, a quem acenamos de longe.

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Cebollapampa
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A visão dos paredões da Quebrada de Llanganuco e suas lagunas esmeraldas eram as novas atrações para nós. Mais e mais fotos. Estive aí em 2.000, mas não me lembrava de como esse lugar era bonito e imenso. Se fosse nos Estados Unidos ou Europa, seria uma atração mundial, de tão espetacular que é.

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Seguimos pedalando e fotografando pela estrada ao longo das lagunas. Seria um único trecho plano e de boa estrada no dia.

Nosso plano de pegar uma van no “clube” da Laguna Llanganuco foi para o espaço, o local estava fechado e vazio. Nem havia mais tráfego de carros na estrada. Teríamos ainda mais 25 km da Laguna Llanganuco até Yungay. A boa notícia é que seria somente descida. A ruim era a condição da estrada, irregular e com pedras, quase não permitindo botar o traseiro no selim. Não teríamos muito tempo de luz também. Então, mandamos ver dentro do limite para não tomar um chão e piorar as coisas.

A Quebrada fica mais estreita depois das lagunas. Fiquei pensando como teria sido o terremoto de 1970, que fez desprender uma gigante manta de neve do glaciar do Huascarán, que se misturou com terra, água e pedras, descendo essa quebrada em velocidade superior a 250 km/h, arrasando tudo que estava no caminho até Yungay.

Finalmente começaram a aparecer algumas casas. O sol estava se pondo e estávamos preocupados, pois a cidade de Yungay ainda estava longe. Como tudo dá para ficar um pouco mais complicado, furou o meu pneu traseiro. Paramos para trocar a câmera e descubro mais 2 raios quebrados. Agora eram 3 dos 32 da roda. Luz amarela acesa. Fiz o restante da descida em pé, sem sentar, para jogar o meu peso mais para a roda da frente.

Passamos por outro camping, onde estavam os ciclistas que vimos as marcas de pneu. Paramos um pouco mais adiante para colocar os faróis pois o sol havia se posto e a luz do crepúsculo não era suficiente para ver o caminho.

Se por um lado nos dava uma tranquilidade ver casas na beira da estrada, do outro lado significava que teríamos cachorros para correr atrás da gente. De novo, tínhamos que berrar mais alto para dissuadi-los.

Começamos a ver uma quantidade de luzes maior no vale, o que parecia a ser Yungay. Só que não parávamos de descer e a cidade nunca chegava. Só depois fui verificar que a diferença de altitude de Portachuelo a Yungay eram de 2.300 m!

Chegando em Yungay, rapidamente achamos o ponto de vans e em 5 minutos as bikes estavam desmontadas e dentro da van. Eram 19:30. Foram 12 horas de Yanama até Yungay.

Seguimos para Huaraz, onde montamos novamente as bikes e rumamos para o nosso hostel, o Jo’s Place (dessa vez com reserva garantida). Quando chegamos lá, só tive energia de tomar um banho e fazer uma comida com o que sobrou nos alforjes. Depois disso, foi cair na cama e descansar merecidamente.

Resumo do dia

  • Distância: 81.9 km
  • Ascensão: 2.699 m
  • Ponto mais alto: 4.735 m
Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 5

Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 5

Dia 3 – Chacas a Yanama

13/09/2019

Chacas-Yanama

Esse dia planejávamos pedalar 46 km, saindo de Chacas, chegando ao passo Pupash, descendo até Yanama e depois pedalar até um pouco depois da localidade de Vaqueria, na pousada Illary.

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Saindo de Chacas

Saímos um pouco mais tarde do que gostaríamos, pois tivemos que trocar dólares por soles em Chacas e não foi nada fácil. Acabamos trocando no hotel mesmo, pagando a conta com dólares e pegando o troco em soles. Fica a dica, saia de Huaraz com no mínimo uns US$ 200 já trocados, pois será difícil trocar em outros lugares.

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Descida de Chacas, o único asfalto do dia

De Chacas, era uma grande descida até a entrada de Acochaca, onde tomamos a esquerda rumo a Sapchá. Era um caminho todo de terra, por estradinhas rurais que serpenteavam as montanhas de Conchucos, subindo até o passo de Pupash, a mais de 4.000 m.

Essas regiões de Huaylas e Conchucos são ocupadas por pequenas propriedades rurais, com normalmente a família vivendo no local e cultivando batata, criando ovelha e outras culturas. Nunca ficamos muito longe de alguma casa. Também é uma região onde muitas pessoas só falam o quechua ancashino. Numa situação, pedimos informações para uma senhora e ela falava quase nada de espanhol. Como o nosso quechua era nulo, a conversa acabou ali. Até tentei decorar algumas expressões em quechua antes da viagem, mas eram palavras longas e complicadas. Acabei desistindo e contando só com o espanhol, o que funcionou.

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Por essa região ser bem isolada e quase sem turistas, foi a que mais sentimos uma interação mais autêntica com os moradores. As pessoas eram mais curiosas e simpáticas em interagir. Num dos vilarejos em que paramos, Lluychush, ficamos conversando com uns moradores, muito interessados em nossa viagem. Tiramos a foto abaixo, que revelei algumas cópias e mandei para eles quando voltei ao Brasil.

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Velha igreja de Lluychush

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Nova igreja de Lluychush

Nossos amigos em Lluychush

Nossos amigos em Lluychush

Depois de Lluychush, a estrada continuava cheia de curvas até Sapchá, um vilarejo com um pouco mais estrutura, onde paramos para tomar um lanche e comprar alguma coisa na venda local.

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Pracinha de Sapchá

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Venda da Alejandra, em Sapchá

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Vida social em Sapchá

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Magrelas descansando das infinitas subidas

Seguimos por belas e tranquilas paisagens até Wecroncocha, outro pequeno vilarejo. Chegamos na hora da saída da escola, onde uma multidão de crianças de 6 a 12 anos tomava a rua. Ficamos espantandos com a quantidade de crianças para um lugar tão pequeno. Conversando com um casal local, nos disseram que as famílias têm em média de 4 a 5 filhos. O bacana era que as crianças eram educadas e curiosas, que conversavam e apostavam corrida com a gente.

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Ricardo papeando com os alunos na chegada a Wecronchoca

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Wecroncocha

Depois de Wecroncocha, a estrada desce por um bonito vale e vai se encontrar com a subida do Pupash. Na nossa frente víamos os glaciares da Cordilheira Branca e o ponto mais baixo da crista da cordilheira onde seria a nossa passagem. Nas campinas ao lado, pastoras tomavam conta dos rebanhos de carneiro, num visual bem andino.

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Quando começamos a subida do Pupash, descobrimos que havia uma marcação da quilometragem até o topo nos barrancos e pedras da estrada. Começava pelos 5 km e ia diminuindo a cada 500 m. Foi uma subida difícil, com pedras soltas e alguns pontos de inclinação mais alta. Cada quilômetro diminuído na marcação era uma conquista. Quando chegou a 1 km, a marcação era a cada 100/200 m. Foi uma motivação extra.

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No alto do Pupash, a 4.068 m

Chegando no passo, paramos um pouco para descansar. Eu fiz uma pequena homenagem a Pachamama,  deixando algumas folhas de coca e jogando um pouco de água no ponto mais alto. Dali até Yanama seriam 10 km de descida íngreme, numa estrada bem irregular. Um lugar bem ruim para se comprar um terreno, então, fomos na maciota para preservar tanto o jóquei como o cavalo.

Um pouco antes de Yanama, passamos por um campo onde estava sendo preparada a festa do padroeiro do distrito. Já havia uma bandinha ensaiando e, mais tarde, haveria foguetório, música e muita bebida, como é comum nessas festas peruanas. Esse vídeo aqui mostra a festa patronal de Yanama em 2018.

Chegamos em Yanama as 16h e teríamos mais uns 10 km de subida até nosso destino em Vaqueria. Resolvemos dormir ali mesmo e deixar o dia seguinte ainda mais desafiante, pois subiríamos até ao Portachuelo, batendo novamente nos 4.700 m.

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Nossa suíte presidencial em Yanama

IMG_20190913_162610033_HDRAchamos uma pousada bem simples e barata (25 soles para os dois). Deixamos nossas coisas, tomamos um banho e fomos tomar um sorvete na pracinha. Acabamos comprando um chip da Bitel, coisa que deveríamos ter feito bem antes. Compramos comida para o próximo dia e jantamos no restaurante do dono da pousada.

Resumo do dia

  • Distância: 50.4 km
  • Ascensão: 1.802 m
  • Ponto mais alto: 4.068 m
Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 4

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Dia 2 – Quebrada Ulta a Chacas

12/09/2019

Quebrada Ulta-Chacas

Esquentamos uma água para um café e um chá de coca e tomamos o café da manhã. Depois é a parte chata de desmontar a barraca e fazer a mágica de botar tudo dentro dos alforjes novamente.

Começamos a subir as quase 40 curvas para a Punta Olímpica. Estava nublado e frio. As vezes caiam pingos, as vezes flocos de neve. O Ricardo tinha lido em algum lugar para levar toucas de banho, dessas que tem em hotéis, para colocarmos sobre os capacetes em situações de chuva ou neve. Ou seja, era a hora. O negócio funciona super bem, pois além de não deixar molhar, o ar quente fica preso numa bolha, mantendo a cabeça aquecida. Solução simples, leve e barata.

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Cada vez a pampa onde acampamos ficava mais baixa e distante. Os glaciares, antes lá no alto, já estavam na nossa altura. Dava para ver alguns lagos num platô que antes eram invisíveis de baixo. Paramos numa pequena cachoeira à beira da estrada para encher as garrafinhas. Mesmo assim colocamos gotas de Hidrosteril, pois as vaquinhas estavam por ali.

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E são curvas e mais curvas, numa subida de 8 km. O ritmo de subida ficava entre 5 e 8 km/h. Mas a velocidade não era uma preocupação. O pulmão e o coração pareciam estar bem, desde que fossem respeitados em seus limites.

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Numa longa subida dessas, sempre parece que vai acabar na próxima curva. Mas não era bem assim, sempre tinha mais uma curva. A visão da quebrada, vista do alto era majestosa. Seguimos o pedal e mais adiante o esperado túnel Punta Olímpica! Caía uma neve fina e tinha neve na entrada do túnel. Estava bem frio.

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Paramos para apreciar a paisagem e pedimos para uma família de peruanos tirar uma foto da gente comemorando com as cervejas que trazíamos. Rolou até um amendoim. Foi um happy hour, de outro jeito, mas uma verdadeira hora feliz, com uma grande sensação de realização. A família de peruanos estava admirada com a gente ter pedalado até lá e pediu para tirar fotos com a gente.

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O túnel Punta Olímpica tem algumas curiosidades. É o mais alto túnel do mundo e foi construído pela Odebrecht em 2013. Ele perfura um maciço de rocha bruta e tem comprimento de quase 1.400 m. Mais detalhes aqui no Wikipedia. Antigamente havia uma estrada que passava ainda mais alto, a quase 5.000 m. Dizem que ainda dá para passar, mas as condições são bem precárias pois ela não é mantida.

Depois da comemoração, colocamos as lanternas nas bikes (o túnel é todo escuro) e fomos encarar os quase 1.4 km para sair do lado, em Conchucos. Dentro do túnel é muito frio, é como você estivesse dentro de um cubo de gelo. É muito mais frio do que do lado de fora. Para piorar, o túnel é cheio de goteiras que jogam uma água gelada sobre a gente. Fiquei feliz quando saí do outro lado.

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Como tudo que sobe tem que descer, seria uma longa descida de 20 km até a cidade de Chacas, nosso ponto de parada.

O lado de Conchucos também é bem bonito, com lagos logo depois do túnel, um deles de um azul que parecia irreal.

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Depois de muito zigue-zague e 1.500 m abaixo da Punta Olímpica, chegamos a bonita e simpática cidade de Chacas. Já tinha ouvido falar que o ritmo de vida e a educação das pessoas eram bem diferentes desse lado da Cordilheira Branca. Deu para perceber nos primeiros contatos com as pessoas. Elas nos davam boa tarde, sorridentes. Muitas crianças saindo da escola com um uniforme parecido com os dos filmes de Harry Potter. Também não tinha a quantidade de carros e toritos buzinando o tempo todo que havia em Huaraz.

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A cidade em si é bem bonita, com uma arquitetura colonial preservada, marcada por seus tradicionais balcões de madeira. Essa região não sofreu tanto com o terremoto de 1970. Além disso, existe uma missão de padres salesianos, chamada Missão Mato Grosso (a mesma que atua no Mato Grosso do Sul), que faz obras sociais e tem ateliês de formação de escultores, entre outras iniciativas bem bacanas. Fomos conhecer o ateliê numa visita guiada.

Ficamos no Hotel Plaza, mais caro, porém o único que tinha wifi. Além dele havia umas 2 ou 3 pousadas. Além disso, alguns restaurantes e vendinhas básicos. Tem bem menos turistas desse lado da cordilheira do que do outro, o que é ótimo.

Resumo do dia:

  • Distância: 46 km
  • Ascensão: 1.548 m
  • Ponto mais alto: 4.803 m
Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 3

Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 3

Dia 1 – Carhuaz – Quebrada Ulta

11/09/2019

Carhuaz-Quebrada Ulta

Quarta-feira, era o dia do começo da viagem. Descemos para tomar café bem cedo. No café encontramos 3 austríacos que fariam um roteiro bem parecido com o nosso. Eram dois senhores e uma mulher. Eles eram mais velhos, over 60, e iriam com uma van de apoio e todos os mimos incluídos. Tomamos um café da manhã extra, com bastante chá de coca, deixamos as coisas que não usaríamos no hostel e tiramos a tradicional foto de saída.

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Em Huaraz

Para variar, as bikes estavam supercarregadas, com roupas, equipamento completo de camping e comida para 2 dias. Eu estava com 2 caramanholas e levaria mais uma garrafa PET de 1.5 l, que acabei deixando fora, tanto por espaço como por peso.

Inicialmente, ainda na fase de planejamento no Brasil, eu pensei em pedalar de Huaraz até Carhuaz (não confundir com Caraz), pela rodovia 3N, e depois tomar a direita pela quebrada que iria até a Punta Olímpica. Depois de ter pedalado pela 3N no domingo, mudamos os planos. A 3N tem muito movimento de vans e caminhões, o que a deixa desagradável e perigosa. Decidimos pegar uma van até Carhuaz e começar a pedalar de lá. Foi a decisão correta. Desmontamos as bicicletas e colocamos no lugar dos bancos traseiros de uma van, pagando 4 lugares pelas bikes. Justo.

Na van, fomos conversando com um senhor peruano que cresceu naquela região mas que atualmente morava em Lima. Ele contava que a redução da cobertura de neve era grande, comparado aos tempos de sua juventude. Que vários picos, antes nevados, já não tinham mais neve.

Em Carhuaz, onde começamos a pedalar

Em Carhuaz, onde começamos a pedalar

Chegamos à pracinha central de Carhuaz e começamos a montar as magrelas e os alforges. Hora de pegar a estrada. Ligamos os Stravas e seguimos animados pela estrada que passaria pelo povoado Shilla e chegaria até a uma pampa, no sopé da subida à Punta Olímpica, onde acamparíamos. Camping selvagem, a 4.000 m de altitude. Os austríacos, acompanhados pela agência de viagem, também dormiriam lá, o que nos deixou mais tranquilos, pois se precisássemos de algo, teríamos algum suporte.

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Depois de Carhuaz, a estada segue asfaltada por quase todo o caminho. Só um pequeno trecho depois de Shilla ainda está em terra. A subida é constante, com raras e curtas descidas. Essa quebrada, perpendicular à Cordilheira Branca, fica num vale verde, com muitas casas de campesinos. Num dado momento passou uma moto com um bauzinho vendendo sorvete em massa no meio dos Andes. Achamos bem inusitado e aproveitamos para tomar um sorvete.

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Chegando em Shilla, procuramos um local para comer, mas não havia restaurantes abertos. Compramos umas bananas, amendoim e duas latinhas de cerveja para comemorarmos a chegada ao passo Punta Olímpica, a 4.800 m. Saindo de Shilla, cruzamos com a van dos austríacos. Eles começariam a pedalar dali. E iriam sem carga, pois a van levaria tudo. Tinham um staff de três guias peruanos. Um deles ia pedalando com os austríacos e outros dois iam na van.

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As paisagens eram cada vez mais bonitas, com uma mudança na vegetação e já apreciam as primeiras vistas de picos nevados. Um pouco adiante ficava a portaria do parque, onde deveríamos comprar um passe de entrada. Quando chegamos lá, não havia ninguém. Seguimos adiante.

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Começaram a aparecer as vaquinhas selvagens que vivem nas altitudes de PN Huascarán. São bem menores do que as vacas que conhecemos e parecem que se adaptaram ao frio e a altitude. Num outro trecho da estrada cruzamos com vacas a mais de 4.500 m. São dóceis e até simpáticas, mas o lado ruim é que tem excremento de vaca por todos os lados, inclusive nos riachos. Ou seja, não dá para confiar na água nem se for corrente e límpida. Só com purificação mesmo.

A paisagem ficava cada vez mais bonita, se abrindo a cada nova curva. Um vale amplo era cortado por um rio de degelo e cercado por picos nevados. Já dava para avistar as curvas da subida do dia seguinte lá na frente.

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O zigue-zague da grande subida do dia seguinte já aparece no meio da foto

Eu não sentia os efeitos da altitude, como dor de cabeça e mal estar, mas o desempenho era mais baixo, naturalmente. O Ricardo estava melhor preparado e seguia sempre na frente, de tempos em tempos, parando para me esperar.

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Lá pelas 16h chegamos ao local de camping. A referência é fácil, logo após a ponte, do lado esquerdo, antes da subida. É uma área bem grande e plana, recheada por excrementos das vacas. Os austríacos haviam nos passado quando paramos para tirar umas fotos. O staff já estava montando duas barracas grandes (uma de cozinha e outra de jantar) e uma barraca para cada um dos ciclistas. Eu e o Ricardo tínhamos uma pequena barraca de montanhismo, para duas pessoas. É a diferença de ter que levar tudo nos alforjes ou ter uma van de apoio. A mulher austríaca parou para conversar e ficou impressionada sobre como conseguíamos levar tudo que precisávamos somente em dois alforjes.

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Baixa gastronomia de alta montanha

Montamos nossa barraca e já preparamos a comida, um miojo quentinho com atum. Antes disso um chá de coca para aclimatar. Depois de arrumar tudo, fomos dar uma explorada na área. Ali também começa uma rota de trekking que vai da Quebrada Ulta até Vaqueria, bem longe dali.

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O anoitecer estava muito bonito, com o céu aberto, cercado de picos nevados. A luz do sol iluminava o cume das montanhas. Resolvemos pegar as lanternas e fazer uma passeio pela caminho da trilha. Logo mais a lua cheia apareceu por de traz das montanhas, deixando o visual ainda mais especial.

Hora de entrar na barraca e dormir, pois o frio começava a se apresentar e não tinha muito mais o que fazer. Dormi bem e não passei frio a noite. Acordei as 7h, com a luz do dia. Foram quase 12h dentro da barraca.

Resumo do dia:

  • Distância pedalada: 32 km
  • Ascensão: 1.325 m
  • Ponto mais alto: 3.946 m
Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 2

Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 2

A aclimatação

Nossa preocupação era se aclimatar para as grandes altitudes da Cordilheira Branca, onde pelaríamos a mais de 4.000 m, altitude que nunca havíamos pedalado antes. A maior altitude até então havia sido ~3.500 m, na Piedra del Molino, em Salta (Argentina).

As questões de saúde (principalmente) e desempenho rondavam a minha cabeça. Não haveria risco de edema pulmonar ou cerebral, pois o tempo acima de 4.500 m seria de somente algumas horas. Os pontos de dormir eram sempre abaixo de 4.000 m.

Dividi a aclimatação em 3 dias. No primeiro pedalaríamos bastante até o Cañon del Pato. Seriam mais de 100 km, mas saindo de Huaraz, a 3.050 m, e chegando em Huallanca, a 1.840 m. O segundo dia pedalaríamos pela Cordilheira Negra, chegando a mais de 4.000 m. No terceiro dia, faríamos um trekking à Laguna Churup, a quase 4.500 m. Depois disso, era encarar os passos Punta Olímpica, Pupash e Portachuelo.

Primeiro dia de aclimatação – Pedal Cañon del Pato

De Huaraz a Huallanca, pelo Cañon del Pato

De Huaraz a Huallanca, pelo Cañon del Pato

O desafio do dia era pedalar pela rodovia 3N, rumo norte, seguindo o Rio Santa, até o Cañon del Pato e finalizando o dia em Huallanca, onde tomaríamos alguma condução para voltar a Huaraz, o nosso ponto de saída e base. Seriam 110 km, em sua maior parte descida, mas com muitas subidinhas.

Rodovia 3N, com Huascaran ao fundo

A rodovia 3N segue o Callejon de Huaylas, cruzando várias cidadezinhas e vilarejos da região. Ela é asfaltada, sem acostamento e bastante movimentada, principalmente por vans de passageiro. Isso faz o pedal ser bem estressante, pois os peruanos dirigem de maneira perigosa, em alta velocidade, fazendo ultrapassagens proibidas e buzinando o tempo todo. Aliás, se a buzina não estiver funcionando, imagino que um peruano não consiga dirigir. O pedal só foi ficar mais tranquilo depois de Caraz, onde os asfalto vira terra e o tráfico diminui bastante.

Cordilheira Branca ao fundo

No sentido que fazíamos (sul-norte), a Cordilheira Branca estava do nosso lado direito, sempre majestosa e com seus picos nevados. O Huascarán é a grande estrela, com os seus 6.768 m.

Depois de cruzar vários pueblitos, chegamos à cidade de Carhuaz. Era domingo, dia de feira, com aquele clima bacana de mercado de rua andino. Tocamos rumo a Yungay, a próxima cidade. 

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Yungay ficou famosa por uma tragédia que aconteceu em 1970. Um terremoto de 7.9 na escala Richter atingiu a região da Cordilheira Branca e causou uma grande destruição em várias cidades.  Yungay, que fica na base da Quebrada de Llanganuco, foi completamente soterrada por uma quantidade gigantesca de neve que se desprendeu do glaciar do Huascarán e desceu a quebrada de Llanganuco a velocidade superior a 250 km/h, trazendo lama, pedras e tudo o que encontrava no caminho. Quando chegou a Yungay, a cidade foi soterrada, matando 25.000 pessoas. Uma nova cidade foi reconstruída em outro local próximo e a área que era a antiga cidade foi transformada num memorial chamado Campo Santo. Esse link tem mais detalhes sobre o terremoto.

Depois de Yungay, chegamos a Caraz, onde paramos para almoçar. Caraz tem o apelido de “Dulzura”, pois tem tradição nos doces de leite e sorvetes. Claro que fomos provar. A cidade era a mais bonita e organizada das que passamos, com uma simpática pracinha e pessoas atenciosas.

Depois de Caraz, começa a descida em terra para o Cañon del Pato, a grande atração do dia. O cânion formado pelo Rio Santa é espetacular, onde as duas cordilheiras, Branca e Negra, quase se tocam, ficando a poucos metros uma da outra. Além disso, os penhascos das duas são íngremes, com muitos picos de 6.000 m em cada uma delas.

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A estrada que cruza o cânion começou a ser construída (melhor seria, escavada na rocha da Cordilheira Negra) em 1952 e tem 35 túneis, além de cachoeiras e mirantes. Também foi construída uma usina hidroelétrica, que fica apertada entre os paredões das cordilheiras.

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IMG_20190908_151110IMG_20190908_151322IMG_20190908_151639IMG_20190908_151903IMG_20190908_152646753_HDRIMG_20190908_154721760_HDR

Depois do último túnel, aparece a pequena cidade de Huallanca, nosso destino final. Começa uma forte descida e depois chega-se a rua principal, que também é a continuação da estrada.

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Depois de algumas informações desencontradas, descobrimos que teria um ônibus as 16:30 para Caraz. Era o tempo suficiente para comer algo e tomar uma cerveja.

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Botamos as bikes no teto do ônibus e voltamos a Caraz pelo mesmo caminho. De Caraz, conseguimos uma van para Huaraz. Para levar as duas bikes, tivemos que pagar mais quatro passagens, pois era o espaço que elas ocupavam no banco traseiro que foi rebatido.

Resumo do dia

  • Distância pedalada: 113 km
  • Ascensão acumulada: 1.796 m
  • Ponto mais alto: 3.100 m

Segundo dia de aclimatação – Pedal Cordilheira Negra

O desafio do dia era pedalar pela Cordilheira Negra, saindo de Huaraz e chegando até os 4.000 m de altitude pela primeira vez. Era mais um dia de céu azul. Dizem que a melhor coisa da Cordilheira Negra é a vista da Cordilheira Branca. A ver.

Aclimatação dia 2 - Circuito Santo Toríbio, Cordilheira Negra

Aclimatação dia 2 – Circuito Santo Toríbio, Cordilheira Negra

Comprando o almoço em Huaraz

Tomamos café no hostel, fomos resolver algumas coisas da viagem e pegamos a estrada com as magrelas. Com isso, acabamos saindo mais tarde.

Pegamos a Avenina Raymondi, cruzamos o Rio Santa e tomamos a esquerda, pelo bairro de Los Olivos. A rua vai subindo sinuosamente, serpenteando sem parar até chegar à rodovia que liga Huaraz a Casma (rodovia 14). Ali pegamos a esquerda e continuamos subindo pela rodovia. Pedalaríamos por 24 km por asfalto até uma estrada de terra que sairia à direita.

A Rodovia 14 passa por casas e pequenas comunidades, com Huaraz ficando abaixo e a Cordilheira Branca sendo o fundo imponente com os seus picos nevados.

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Paramos para fazer um lanche numa sombra, onde uma pastora cuidava de suas ovelhas. A altitude fazia o rendimento cair, a velocidade média era uns 8 km/h, mas nada de mal estar ou dor de cabeça.

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Chegamos ao Km 24 e a estrada de terra que tomaríamos. A referência era uma antiga mina abandonada (Mina Huascar). Essa estrada de terra vai até a Mina Santo Toríbio, muito maior e ativa. Dali em diante o caminho se tornava bem mais atraente, uma estradinha de terra por comunidades rurais, com uma ligeira inclinação de subida. As estradinha começou boa, mas a medida que se afastava da rodovia, o caminho ficava mais estreito e irregular.

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Cruzamos com outra pastora de ovelhas. Dessa vez ela tocava o seu rebanho por pastagens, com as montanhas nevadas de fundo. Só faltava uma música tradicional peruana para compor um quadro andino perfeito.

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Já estávamos a 4.000 m de altitude e nenhum sintoma do soroche (o mal da altitude), só o rendimento bem mais baixo.

Depois de alguns quilômetros, avistamos a Mina Santo Toríbio, com os seus montes gigantes de dejetos de mineração. Dali em diante, a estrada começava a descer de maneira alucinante por 15 km até Huaraz. Além da diversão dos zigue-zagues, a atenção eram com os muitos cachorros soltos nas ruas. Eles são famosos por atacar os ciclistas. A solução que encontramos foi gritar mais alto com os cachorros para espantá-los.

Passamos pelo lixão de Huaraz, a paisagem triste do dia. Dezenas de pessoas, burricos e urubus remexiam o lixo em busca de algo de valor. Mais um pouco e estávamos novamente na ponte da Avenida Raymondi, voltando para o hostel.

Resumo do dia:

  • Distância pedalada: 50,10 km
  • Ascensão acumulada: 1.450 m
  • Ponto mais alto: 4.039 m

Terceiro dia de aclimatação – Trekking Laguna Churup

Terceiro dia aclimatação, hora de subir o sarrafo mais pouco. O objetivo era chegar próximo aos 4.500 m de altitude, fazendo um trekking até a Laguna Churup, na Cordilheira Branca. Seriam 7 km ao todo, mas não quaisquer 7 km!

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Tomamos uma van até a localidade de Pitec. A viagem de van foi uma aventura a parte. É impressionante como os peruanos conseguem colocar mais pessoas nas vans quando parece que já está totalmente lotado. Todos os lugares sentados estavam tomados e, a cada parada, subiam mais cholas, muitas vezes com suas crianças, e se compactavam em algum lugar que antes não existia. E isso tudo com bom humor, com elas papeando em quechua.

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Chegando em Pitec há uma portaria do PN Huascarán. É preciso comprar um boleto de entrada no parque.

IMG_20190910_094049787_HDRA trilha começa por um caminho bem demarcado, com um terreno de pedras soltas. Levamos bastões de caminhada para facilitar a subida. Haviam alguns turistas, com guias locais e sem (dá para fazer sem guias).

IMG_20190910_133703 (1)O dia estava aberto e o visual do vale ao redor era muito bonito. Adiante no caminho é preciso subir alguns trechos bem inclinados, onde existem cordas e cabos para auxiliar. Eu estava bem cansado, o percurso de trekking forçava uma musculatura minha que não estava treinada.

IMG_20190910_102652907_HDRPassamos por um local de camping, já a mais de 4.000 m, onde é possível dormir e dividir a caminhada em dois dias. Mais um trecho com cabos e chegamos na laguna.

O visual impressiona. Uma grande laguna de água azul turquesa, com o montanhas nevadas ao redor. Descansamos numa grande rocha, onde havia outros turistas e guias peruanos, com quem ficamos papeando e apreciando o lugar.

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Comemos uns lanches e nos preparamos para voltar. Seria bem mais fácil, só descida até Pitec, onde haviam vans para Huaraz.

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Depois que chegamos em Huaraz, resolvemos comer um verdadeiro ceviche peruano. Fomos num restaurante chamado Al Punto, perto do ponto final das vans. Recomendo. Comida boa, farta e barata.

A dor de cabeça finalmente me pegou. Apesar do esforço ser aparentemente menor nos 7 km, acho que a altitude deu o seu recado. Com essa dor de cabeça, fiquei preocupado com os dias seguintes de pedal acima dos 4.500 m.

Resumo do dia:

  • Distância caminhada: 7 km
  • Ascensão acumulada: 680 m
  • Ponto mais alto: 4.515 m
Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 1

Pedalando na Cordilheira Branca, Peru, Parte 1

Quebrada Shilla, rumo a Punta Olímpica

Quebrada Shilla, rumo a Punta Olímpica

Depois da cicloviagem no norte da Argentina em 2017, por atribuições do trabalho, o ano de 2018 passou em branco, sem viagens de bicicleta.

Mas mal começou 2019, eu e meu irmão, Ricardo, decidimos pedalar pela Cordilheira Branca (CB) e já compramos as passagens aéreas para o Peru. A viagem seria em setembro, uma época já não tão fria e ainda antes do início da temporada de chuvas.

Decidido o destino, era hora de planejar o roteiro, coisa que eu geralmente sou o responsável e gosto muito de fazer.

Nossa base seria a cidade de Huaraz, capital do departamento de Ancash. Essa região da CB tem tantas opções que daria para pedalar um mês sem repetir caminhos. Mas como sempre, o tempo e os compromissos com família e trabalho são os limitantes.

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Circuito Huascarán

Por fim, escolhemos fazer o circuito Huascarán, uma rota que sai de Carhuaz, sobe pela Quebrada Shilla, cruza o passo da Punta Olímpica, segue a Chacas, cruza o passo Pupash, passa por Yanama, cruza o passo Portachuelo, desce pela Quebrada Llanganuco, chegando em Yungay. Seriam 3 passos de montanha acima de 4.000 m, coisa que nunca havíamos pedalado. Os dois mais altos estão acima de 4.700 m!

Planejamos fazer esse circuito em 4 dias. No papel, considerando quilometragem e altimetria, parecia possível, mas a maioria dos relatos falava de 5 a 7 dias. Como o nosso lema é “paciência e teimosia”, resolvemos tentar esse planejamento.

Huaraz já fica acima de 3.000 m e boa parte do roteiro estaria acima de 4.000 m. Não dá para chegar do Brasil e sair pedalando no dia seguinte. É soroche (mal da altitude) na certa. Por isso, planejamos 3 dias de aclimatação, com dois pedais e uma caminhada.

A Cordilheira Branca

Uma pequena parte da Cordilheira Branca

Uma pequena parte da Cordilheira Branca. Foto: Richard Droker

A Cordilheira Branca é uma região ao norte de Lima, com 180 km de extensão (no sentido norte-sul) e ~20 km de largura, com muitos picos nevados, centenas de glaciares em uma região quase na latitude do Equador, lagos de cor esmeralda e quebradas verdes.

Para se ter uma ideia, na CB existem mais de 50 picos acima de 5.700 m (na Europa toda não existe nenhum!). A montanha mais alta da CB e do Peru é o Huascarán, com seus 6.768 m. Ela também é a montanha mais alta do mundo em uma zona tropical.

Tudo isso faz a Cordilheira Branca ser umas das melhores regiões do mundo para a prática de montanhismo, trekking e mountain biking. Se a CB não for o suficiente para as suas aventuras, perto dela está a Cordilheira de Huayhuash, com muitos picos nevados e lagunas de altitude, considerada umas das regiões mais bonitas do mundo para trekking.

Por outro lado, o aquecimento global é uma ameaça crescente aos glaciares. Eles estão retrocedendo rapidamente e alguns picos já estão sem a cobertura de neve que possuíam há poucas décadas. No anos 1970, eram 700 km2 de glaciares. Hoje são cerca de 500 km2. E derretendo…

Paralela à CB, do lado oeste, existe a Cordilheira Negra. Ela tem esse nome pois os picos não são nevados. Entre as duas cordilheiras, fica o vale de Huaylas (ou Callejón de Huaylas, em espanhol). Esse vale é formado pelo Rio Santa, que corre de sul a norte, acabando no Cañon del Pato. O vale de Huaylas é bastante povoado, com muitos vilarejos e uma rodovia bem movimentada.

Do outro lado da Cordilheira Branca, a leste, fica o Callejón de Conchucos, onde passaríamos por algumas cidades e vilarejos. A região de Conchucos é muito mais tranquila e parece que ficou esquecida no tempo. Algumas pessoas somente falam o quechua.

A viagem

Viajamos no dia 07 de setembro, em um voo Latam que saia as 3:50 de Guarulhos. Apesar do horário ruim de saída, ele chega em Lima as 7:00. Daria tempo para pegar os ônibus que saem pela manhã rumo a Huaraz.

O embarque foi tranquilo, somente tivemos que pagar uma taxa de ~US$ 50 para embarcar cada bicicleta no mala bike.

Lima tem duas (pelo menos) rodoviárias, a Plaza Norte e a Javier Prado (zona sul). A Plaza Norte fica bem mais perto do aeroporto de Lima. E normalmente os ônibus para Huaraz saem da Javier Prado e passam na Plaza Norte para pegar os passageiros. Comprei as passagens de ônibus pela internet, pela companhia Cruz del Sur. A passagem dizia que o embarque era na Javier Prado. Entrei em contato com a empresa e eles me falaram que poderia embarcar na Plaza Norte também. Muito mais prático.

Trocamos uns dólares por soles peruanos no aeroporto mesmo. A taxa não era muito diferente das de outros lugares. Arrumamos um táxi SUV em que caberiam as duas malas bikes e rumamos à Plaza Norte.

Chegamos na rodoviária as 8:00 e o embarque seria somente as 10:00. Deixamos as magrelas no guarda-volume e fomos visitar um mercadão, que fica ao lado. O mercado ainda estava abrindo, mas deu para tomar uma sopa de galinha com mote (um milho branco do tipo canjica, só que bem maior).

Na hora marcada, chegou o ônibus. Nosso assento era no segundo piso, na primeira fileira, com vista privilegiada da paisagem. O ônibus era muito bom, com poltronas largas e bem reclináveis. Tinha até rodomoça, lanche de bordo, cobertor e travesseiro.

O ônibus partiu pelos pela Panamericana Norte, margeando o litoral. A periferia de Lima é bem pobre, com construções sem reboco, com muitos toritos (tuk-tuks) e carros buzinando. Um caos urbano. Para piorar primeira impressão, Lima no inverno vive coberta por uma névoa que não deixa ver o céu ou mesmo o sol. A cidade fica toda cinza.

Diferente do Brasil, onde chove muito na costa, a costa peruana é desértica. Praticamente não chove nunca. A pouca vegetação existente recebe água através da condensação da garoa.

O ônibus segue pela Panamerica até a cidade de Pativilca, onde toma a direita, subindo por quebradas verdes e cultivadas. Depois de serpentear por horas, chegamos ao passo de Conococha, a 4.100 m. Lá existe uma laguna com o mesmo nome, que dá origem ao Rio Santa, que por sua vez forma o vale de Huaylas e Cañon del Pato.

Visão da poltrona do ônibus

Visão da poltrona do ônibus

A primeira visão da Cordilheira Branca

A primeira visão da Cordilheira Branca

A paisagem muda completamente. Os primeiros picos nevados da Cordilheira Branca já aparecem no horizonte. Um mais impressionante do que outro. Ficamos tentando adivinhar qual é o Huascarán, mas ele está bem mais ao norte.

O ônibus vai passando por vilarejos com nomes que já remetem a aventura: Catac, Recuay, Collahuasi e assim vai. Um pouco mais e já estávamos em Huaraz. O ponto final da Cruz del Sur é no centro da cidade. Descemos as bikes e arrumamos um carro para chegar até o hostel, que já estava reservado.

Chegando no Jo’s Place Hostel, descobrimos que eles tinham feito uma confusão com a reserva e que o local estava cheio. Com um pouco de conversa, arrumaram um quarto para nós no Alpamayo Guesthouse, administrado pela mesma família.

Foi tempo de chegar, montar as bicicletas para o dia seguinte, sair para jantar e tomar uma cerveja artesanal local. Afinal, havíamos chegado na Cordilheira Branca.

Outros relatos de cicloviagens

Empresa de MTB e cicloviagens

Companhias de trekking

Empresas de ônibus

Pedalando em Las Vegas

Pedalando em Las Vegas

las-vegasLas Vegas, além de ser a capital dos cassinos, é também um lugar de muitas conferências e feiras de negócio. Na minha área, acontecem muitos desses eventos lá e já participei de alguns. Mas além da jogatina e das conferências, Vegas pode ser um surpreendente local para mountain biking. Descobri isso por acaso, quando voltava de uma feira em 2018 e peguei um folheto sobre passeios de MTB num local chamado Red Rock Canyon. Aquilo ficou na minha cabeça.

Eis que aparece uma nova conferência para ir em Las Vegas, que seria num hotel chamado Red Rock. As coincidências estavam ao meu favor. Dei uma pesquisada e vi que o hotel realmente ficava perto do local de trilhas. Achei vários mapas de trilha no Google e vídeos no Youtube. Como eu teria alguns dias livres, pesquisei por bicicletarias que alugavam bikes e já levei minhas coisas do Brasil (camisa, bermuda, luvas, etc).

O epicentro das trilhas de MTB é um vilarejo chamado Blue Diamond, que fica a umas 20 milhas da Strip. Aluguei a bike pela internet na McGhies Bike Outpost, que fica em Blue Diamond.  Eles têm uma variedade de mountain bikes e conhecem bem as trilhas da região. Seria o meu pedal do domingo. E até então, o único que faria. Depois teve o segundo pedal.

Pedalando nas trilhas de Cottonwood Valley, Blue Diamond

Trilhas em Blue Diamond. As verdes são de nível iniciante, as azuis são intermediárias e as pretas avançadas.

Trilhas em Blue Diamond. As verdes são de nível iniciante, as azuis são intermediárias e as pretas avançadas.

Aluguei uma bike 29″, pneu 2.4″ e suspensão full para o dia todo. A loja abriria às 8:00. Acordei cedo e chequei a previsão do tempo. O dia estava perfeito, temperatura abaixo de 25 graus e céu azul com poucas nuvens. Peguei um Uber e fui para Blue Diamond.

O percurso do meu hotel saía de Summerlin, pela rodovia 159, e já dava para ver a bonita paisagem da região, com uma cadeia de montanhas ao fundo e os vales dominados pela yucca (joshua tree). Segundo o motorista, o deserto estava mais verde esse ano, pois havia chovido mais do que o normal.

Passei em frente à entrada do Red Rock Canyon Scenic Drive, onde tinha visto que o pessoal de road bike faz seus rolês pela estrada asfaltada de 13 milhas. Havia bastante gente pedalando na rodovia 159, de MTB e road bike.

McGhie's Bike Outpost Blue Diamond

McGhie’s Bike Outpost Blue Diamond

Blue Diamond é um vilarejo de 300 pessoas no meio do deserto. Era uma antiga mina de gesso e, antes disso, um ponto de abastecimento de água na Old Spanish Trail.

História de Blue Diamond

História de Blue Diamond​

A bicicletaria McGhies é o centro da movimentação nos fins de semana, com o pessoal deixando os carros lá, alugando ou fazendo últimos ajustes na bike. O Jeff, responsável pela loja, é um cara especialista nas trilhas da região e bem engraçado, que mistura dicas sobre as trilhas com tiradas bem humoradas. Pedi para ele para recomendar um percurso entre as diversas opções. Ele traçou um roteiro de nível intermediário, que daria um loop de uns 20 km.

Pessoal na frente da McGhies  se preparando para iniciar o pedal.

Pessoal na frente da McGhies  se preparando para iniciar o pedal.

Saí de Blue Diamond pela rua Cerritos, pegando a trilha a esquerda e seguindo o loop no sentido horário. Eu seguiria pela Landmine, Rubber Ducky, Late Night, Viagra, Little Daytona, Landmine e voltaria a Blue Diamond. As trilhas eram bem sinalizadas e, quando ficava com dúvida, sempre tinha algum biker para ajudar. Aliás, o pessoal que pedalava lá era em sua maioria local e foram muito simpáticos.

Saindo de Blue Diamond, começa uma subidinha pela Landmine

Saindo de Blue Diamond, começa uma subidinha pela Landmine

Logo no início do pedal já avistei alguns animais selvagens, com burricos, coelhos, muitos calangos, um tipo de esquilo pequeno e até um coiote.

As trilhas de Blue Diamand são 100% single track, com os mais variados tipos de terreno. Mesmo as trilhas intermediárias são bem técnicas para o padrão de estradão brasileiro. Muitas pedras soltas, pedras grandes, bastante sobe e desce. Dá para entender a razão das MTB precisarem de pneus mais largos e cravudos. A aderência é fundamental para não ir para o chão. Uma das trilhas tem o sugestivo nome de Wounded Knee (joelho ralado).

Na Landmine, indo para a Rubber Ducky

Na Landmine, indo para a Rubber Ducky

A trilha Landmine vai entrando dentro do vale e a instrução do Jeff era sair dela depois de passar a BFR (Big Fucking Rock), que era uma pedrona no meio da trilha. Peguei a esquerda e fui em direção à Rubber Ducky, que tem uma yucca com muitos patos de borracha pendurados.

Na Rubber Ducky

Na Rubber Ducky

Depois cheguei ao Parking Lot, um estacionamento e mirante ao lado da rodovia 160, que também serve de saída para as trilhas do vale de Cottonwood. A partir de ali, segui pela trilha Late Night até chegar a saída da trilha Viagra. Depois de passar por ela você entende o porquê do nome. É uma longa descida suave, que vai fazendo zigue-zagues que dá para desenvolver uma boa velocidade. O bacana é que as bordas externas das curvas são inclinadas como num velódromo, o que ajuda a manter a velocidade. Quando você chega no final da Viagra você está com um puta tesão. Deu para entender o nome? 🙂

Vista das montanhas da Viagra

Vista das montanhas da Viagra

Depois da Viagra peguei a Daytona e cheguei até a grande yucca da foto abaixo. De lá eu reencontraria a Landmine e poderia voltar pela direita, e reencontrar o caminho que fiz no início. Ou continuar pela esquerda, por um trecho mais técnico que passava perto do carro abandonado no meio do deserto (segundo o Jeff, trazido por ETs nos anos 50). Foi o que fiz.

A trilha subia um pouco por um terreno acidentado e depois descia passando por grandes valetas em U, que dava para passar pedalando. Um pouco mais e cheguei em Blue Diamond.

Big Yucca

Big Yucca

Parei na McGhies para tomar água e comer. Eram 10:00 ainda. Resolvi dar uma outra volta variando um pouco o percurso.

Segui o caminho inicial pela Landmine, mas tomei a decisão de seguir pela Old Spanish, pela esquerda, em vez de continuar a direita pela Landmine. Eu deveria chegar também no Parking Lot da 160 por essa variante.

A Old Spanish, além de ser uma longa e chata subida em linha reta, não é bem mantida como as outras trilhas. Eu deveria fazer uma curva a direita em algum ponto, só que a trilha foi desaparecendo aos poucos e, quando vi, eu estava pedalando no meio das moitas do deserto. Encontrei um casal também perdido que iria ao Parking Lot. Só não deu uma preocupação de estar perdido no deserto pois a rodovia 160 ficava a 100 metros a esquerda, paralela ao rumo que eu iria.

Quando o Parking Lot estava a uns 200 metros, ouço um sshhhhhh no pneu dianteiro. Giro o pneu e encontro um espinho “goat head“, temido pelos bikers locais. Vejo a roda traseira e mais um outro espinho. As câmaras tinham  líquido selante, mas ele não foi suficiente para estancar o vazamento.

Espinho goat head

Espinho goat head

Saí do deserto e fui até a rodovia, desmontei as rodas e tentei resolver o problema. Passaram uns 30 minutos e nada. Eu tentava encher os pneus mas o selante não segurava a pressão. Como eu só tinha uma câmara reserva, resolvi encerrar o pedal e voltar empurrando pela rodovia. Só que eu achava que seria mais perto.

Os dois pneus estavam furados :-(

Os dois pneus estavam furados 😦

Empurrei a bike pela 160 rumo a Vegas e depois peguei a 159 rumo a Blue Diamond. No total empurrei a bike por mais de 8 km. No começo estava até legal, estava vendo a paisagem do deserto e pensando na vida. Mas o sol foi esquentando e fui me cansando. Uma caminhonete parou na estrada, perguntando se iria para Blue Diamond e se queria uma carona. Um double yes!

O motorista era um alpinista chamado Brian, que vivia em Blue Diamond e que também pedalava. O Brian era bem bacana e me contou que recebeu um alpinista brasileio há algum tempo. E que também o Alex Honnold (do filme Free Solo) tinha se mudado para Vegas, pois ali dava para treinar escalada durante todo o ano, mesmo no inverno.

Devolvi a bike ao Jeff e fui comer algo no restaurante ao lado da McGhies.

Dica: baixe o aplicativo Trailforks e também as trilhas de Las Vegas. Será muito útil.

Resumo do dia:

  • Aluguel da bike (com imposto): ~US$ 50 na McGhies Blue Diamond
  • O McGhies fornece gratuitamente capacete e luvas se você precisar.
  • Distância pedalada: 25.5 km, mais 8 km de empurra bike
  • Ascensão: 500 m

Relive

Extra

Esse vídeo do Youtube dá uma boa ideia do que é pedalar em Blue Diamond.

Pedalando na Red Rock Canyon Scenic Drive

A conferência que estava participando acabou ao meio dia e eu só voltaria ao Brasil na manhã seguinte. Como estava com aquele gostinho de “quero mais” pelos pneus furados no domingo, fui ver as opções de pedal para a tarde. A McGhies de Blue Diamond fecha às terças e quartas. Existe uma outra McGhies em Las Vegas West, que estava aberta, mas oferecia somente road bikes e híbridas para alugar. Fui até lá e peguei uma híbrida.

Era uma bike rígida, com rodas de 700 e pneus de 1.5″, ótima para rodar em asfalto mas sem chance de encarar uma trilha. Conversando com o pessoal da loja, me sugeriram fazer o loop na Red Rock Scenic Drive. Saindo e voltando da loja daria umas 35 milhas (57 km). Foi o que fiz.

A temperatura era de 35 graus. Esperei o sol baixar um pouco e às 14:45 saí pedalando da loja pelas vias de bike de Vegas até pegar novamente a rodovia 159, que eu tinha pegado para ir a Blue Diamond. Eu teria até às 19:00 para devolver a bike. Parecia bastante tempo.

Rodovia 159, com Las Vegas lá embaixo

Rodovia 159, com Las Vegas lá embaixo

A Scenic Drive fica dentro de uma área de conservação federal e é necessário pagar US$ 5 para se entrar de bicicleta. O site do local é esse aqui. O loop é quase como uma ferradura, onde as duas pontas estão na rodovia 159 e a parte curva é o ponto de maior elevação (o High Point Overlook do mapa abaixo).

A Scenic Drive (em cinza)

A Scenic Drive (em cinza)

O pavimento do loop é perfeito, liso e sem buracos. Tem até bastante movimento de carros, mas o fato de ser mão única e com pista bem larga, deixa tudo mais fácil.

Início do Scenic Drive loop

Início do Scenic Drive loop

Red Rock Canyon

Red Rock Canyon

O loop vai subindo sem parar, com uns trechos bem inclinados. O  Red Rock Canyon fica do lado direito, com belas formações rochosas avermelhadas. No lado esquerdo se estende um bonito vale rumo a Blue Diamond. A paisagem é muito bonita e com vários pontos de parada para os carros.

Red Rock Canyon

Red Rock Canyon

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Red Rock Canyon

Red Rock Canyon

Red Rock Canyon

O ponto mais alto do loop com vista para o vale

High Point Overlook, o ponto mais alto do loop

Depois do mirante aí em cima, a estrada segue rumo às montanhas, com alguns sobe-e-desces. Depois tem uma opção de subir a direita, saindo um pouco do loop e chegando até Willow Spring. Claro que fui ver o que tinha lá. Só que quando parei para olhar a hora, descobri que já eram 17:50. Eu ainda estava na parte alta do parque e tinha que devolver a bike até às 19:00. Se chegasse após a loja fechar, teria um problema, pois ela só abriria no dia seguinte às 10:00 e nesse horário eu já deveria estar no aeroporto.

Chegando perto das montanhas

Chegando perto das montanhas

Subi na bicicleta e pedalei a todo vapor. Depois vi pelo Strava que cheguei a 70 km/h num trecho. Rapidamente cheguei na 159 e tomei o rumo de Vegas. Eu realmente estava em dúvida se chegaria a tempo, mas não tinha outra escolha senão pedalar forte.

A boa surpresa é que até a cidade era uma longa e leve descida. E o mesmo dentro da cidade até a loja. Fui pedalando sem parar no ritmo mais acelerado que conseguia manter. Quando entrei na loja e olhei o relógio do celular, eram 18:42. Ufa!

Valeu o dia. Foram belas paisagens dentro do parque. Pena que o calor no início de junho já é forte, pois é um passeio para se fazer com calma tomando um dia todo.

Resumo do dia:

  • Aluguel da bike (com imposto): ~US$ 50 na McGhies West Side
  • Emprestam gratuitamente o capacete
  • Distância pedalada: 57 km
  • Ascensão: 810 m

Relive

Bicicletarias em Las Vegas

Além da McGhies, existem várias outros bikeshops para comprar ou alugar bikes. Aqui vai uma lista das que pesquisei:

Galeria de fotos

Recuperando o quadro – Montando a bicicleta

Recuperando o quadro – Montando a bicicleta

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Esse é o terceiro e último post da série em que recupero um quadro que havia trincado no seat tube. O primeiro foi o relato da solda (link aqui) e o segundo foi o da pintura (link aqui).

A bike será usada pelo meu filho mais novo, o Rafael. Ele está para completar 14 anos e já pedala bastante comigo e com o irmão mais velho.

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Eu quis montar uma bike com bons componentes, robusta e confiável, sem gastar uma fortuna e aproveitando algumas coisas que já tinha. O objetivo dessa bike é fazer trilhas e eventualmente cicloviagens.

Muita gente acha que montar uma bike é uma coisa super complicada. Tem um pouco de verdade nisso. São muitos os componentes, com diferentes padrões e medidas, além do julgamento subjetivo do que é qualidade para o uso proposto para a bike.

Por outro lado, depois de entender a função de cada componente e a compatibilidade entre eles, montar o quebra-cabeça de uma bicicleta é algo bem divertido. Parece que estamos dando vida a peças soltas. A bike pronta é quase como um ser vivo. Além disso, dá para montar uma bike bem mais equilibrada (e melhor) do que uma comprada já montada. Dependendo de onde se compra os equipamentos, pode ficar mais barato também. Eu consegui comprar muitas peças nos Estados Unidos, em algumas viagens a trabalho. Também dá para comprar no Mercado Livre, eBay, Aliexpress e até no velho e bom Paraguai. Comprar peças usadas também é interessante, principalmente as peças que se desgastam pouco com o uso (mesa, guidão, canote, passadores e alavancas de freio, quadro, etc).

Para dar uma descrição do que usei e o custo de cada coisa, listei aqui os principais componentes, o link para onde comprei e o preço.

Tive a sorte de comprar as peças fora do Brasil antes da disparada do dólar. Por isso, usei a taxa de conversão de R$ 3,30, mais baixa do que a cotação atual.

Conversão: US$ 1,00 = ~R$ 3,30

Componente Onde comprei ~US$ ~R$
Quadro Access XCL 18.5″ Já tinha. Só custo de solta e pintura. 380,00
Pedivela Acera FC-M361 JensonUSA 31,00 102,30
Conjunto Shimano Alivio M4000 (9×3), com trocadores, câmbios traseiro e dianteiro eBay/CyclingWorld 68,99 227,66
Par de cubos Shimano Deore HB/FH-M475 eBay/random.bike.parts 28,00 92,40
Cassete Shimano Deore CS-HG50 9v 11-34 Amazon.com 29,00 96,00
Corrente KMC Z9000 WheelWorld 10,00 33,00
Mesa FSA para guidão 25.4 mm Já tinha 12,00 39,60
Freio a disco mecânico Avid BB7 (calipers, rotores e adaptadores) eBay/gobike168 64,00 211,00
Par de Aros VZAN Aero 26″ Jamurbikes 45,00
Pneu dianteiro Pisgah 2.1″ Performance Bike 20,00 66,00
Pneu traseiro Dartmoor 2.0″ Performance Bike 20,00 66,00
Centro de movimento (bottom bracket) Shimano UN26 Já tinha
Selim BaseCamp eBay/tomtop_home 10,00 33,00
Headset selado Chin Haur eBay/toysmall2017 7,50 24,75
Alavancas de freio Avid FR-5 eBay/lining2017–fishing 7,50 25,00
Manoplas ergonômicas Bell Walmart USA 7,00 23,00
Pedais de alumínio Decathlon 35,00
Suspensão RST Capa Mercado Livre 229,00
Canote Titec Pluto 31.6 mm Já tinha
Abraçadeira de canote Já tinha
Câmaras de ar Já tinha
Guidão 25.4mm 60cm Straight Riser eBay/single2000 5,30 17,50
Raios pretos inox 255 X 2.0mm Mercado Livre 74,00
Fitas de aros 26×20 Amazon.com 8,00 26,40
Raiação, montagem e componentes menores Bicicletaria que montou a bike 250,00
Total ~2.100

Conclusão

Dá para montar uma bike muito boa (27v, Shimano Deore e Alivio, peças novas, freio a disco mecânico, suspensão) gastando em torno de R$ 2.100,00. Grande parte das peças comprei nos EUA, o que barateia, é claro. Mas se comprasse no Paraguai não seria diferente, talvez até mais barato, como já aconteceu comigo em compras lá (ver aqui e aqui).

O custo de um quadro novo básico, de 26″ ou mesmo um 29″ de entrada, não seria muito diferente do que gastei para recuperar o meu, entre solda e pintura. Isso considerando um novo. Se for procurar um quadro usado, principalmente os 26″, vai ter muita pechincha por aí.

Se o seu orçamento for maior, dá para fazer alterações bacanas em todos os componentes. O céu é o limite.

Se o seu objetivo for montar uma bike com um custo mais baixo, daria para cortar outras coisas, sem perder muita qualidade. Se escolhesse 24 marchas (em vez de 27), se usasse mais componentes Shimano Acera ou Altus, freio v-brake e se colocasse mais peças usadas. Não era esse o meu objetivo, mas funcionaria bem também.

O ponto principal é você gostar do processo de montar uma bicicleta peça por peça. Para muitos, pode ser um quebra-cabeça infernal pensar numa bicicleta com peças equilibradas, compatíveis, com boa qualidade, etc. Para mim, é um hobby divertido.

Se para você for muito trabalho, sempre tem a opção de comprar uma usada (a OLX tem muita oferta de usadas) ou partir para uma nova já montada.

Agora é botá-la para se divertir nas trilhas.

Rafael estreando a nova bicicleta

Rafael estreando a nova bicicleta

Recuperando o quadro – A pintura

Recuperando o quadro – A pintura

Na postagem anterior, contei como foi a solda da trinca feita pelo Klaus Poloni. Para quem não viu, está aqui. Agora era a vez de fazer a nova pintura, para renovar o quadro e esconder as marcas de uso e de solda.

Quadro Access XCL com a pintura original

Quadro Access XCL com a pintura original

Eu já havia feito uma pintura em outro quadro em 2013, que conto aqui. Entrei em contato com o Adilson, que se lembrava de mim, mesmo 5 anos depois, pois muitos clientes procuraram ele através do meu post. Fiquei bem feliz em tê-lo ajudado. Dá para ver que é um cara batalhador. Além do mais, o serviço que ele fez em 2013 está perfeito até hoje. Os riscos e raspadas que aconteceram foram pelo uso (e abuso) normal da magrela.

Fomos eu e o Rafa até a oficina dele para deixar o quadro e escolher a nova cor. O Rafa escolheu a Verde Parati, um verde metálico usado nas VW Paratis dos anos 1990. Não seria a minha cor preferida para a minha bike, mas como era para a dele, não interferi. Se fosse para escolher uma cor de carro, eu iria com o Laranja Boreal dos Opalões dos anos 70.

O Adilson explicou os passos da pintura: primeiro removeria completamente a tinta original, depois aplicaria uma camada de primer, em seguida, a nova tinta, e por último o verniz. Demoraria em torno de uma semana para ficar pronto. Acabou demorando duas semanas, pois ele é meio enrolado. Como eu não tinha pressa, sem problemas.

Adilson, que vai fazer a pintura nova

Adilson, com o quadro que receberá a pintura

Mais abaixo está o resultado da pintura, com o quadro com a nova cor Verde Parati. Ficou um trabalho bem feito, como dá para ver nas fotos dos detalhes.

Criando uma marca para o quadro

Depois da pintura, resolvemos criar uma marca para essa magrela. Pensamos em alguns nomes e escolhemos Rocket. O próximo passo foi escolher uma fonte tipográfica e um foguetinho para ser o logo. Depois disso, mandamos para uma gráfica fazer os stencils. Para quem não conhece essa técnica, o stencil é um adesivo vazado. É o contrário do adesivo normal. É um processo mais difícil, mas fica com acabamento e durabilidade melhores. Pintamos os stencils com tinta spray laranja, que combinava bem com o verde do quadro. Em seguida, envernizamos e polimos com lixa 2.500. O resultado ficou nota 8,5. Se fizesse novamente ficaria melhor. Mas valeu a experiência.

O próximo passo será a montagem da bicicleta, mas isso ficará para o final do ano, pois o Rafa tem que crescer um pouco mais e eu preciso conseguir os componentes que faltam para a montagem.

Atualização: consegui todas as peças e montei a nova bike. Os detalhes estão nesse post.

O contato do Adilson é:

Rotas de cicloturismo no Brasil (Sudeste e Sul)

Rotas de cicloturismo no Brasil (Sudeste e Sul)

Acesso rápido:

Sempre quis organizar as opções que temos de rotas de cicloviagem. Escolher uma rota pré-definida poupa tempo e, supostamente, passa por lugares preparados para receber o viajante.

Escolhi circuitos (mais ou menos) organizados, que tenham sinalização, site informativo, etc. Escolhi também roteiros de múltiplos dias. Existem vários roteiros de um único dia que são muito bacanas, mas não era o propósito aqui.

Também existem várias rotas de múltiplos dias (Serra da Canastra, Jalapão, Chapadas Diamantina e dos Veadeiros, etc) que são superinteressantes mas que não possuem uma rota pré-definida ou têm raras informações. Outros dependem de agências, que devem ser obrigatoriamente contratadas para guiar o cicoloviajante. Também ficaram fora.

Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina concentram quase todas as opções que estejam nessas categorias. Isso não quer dizer não existam outras rotas, ou possibilidades pouco exploradas, em outros lugares.

Caminho da Fé (SP/MG)

Mapa do Caminho da Fé

Mapa do Caminho da Fé

Na minha opinião o Caminho da Fé é o mais difícil e o mais clássico roteiro de cicloturismo do Brasil. Por cruzar um longo trecho de Serra da Mantiqueira, as subidas são muitas e loooongas, com nomes que ficarão gravados na memória de quem passou (empurrou a bike) por elas. O trecho mais tradicional do Caminho da Fé começa na cidade de Águas da Prata (SP), entra em Minas Gerais e volta ao território paulista em Campos de Jordão, para de lá seguir para Aparecida.

Existem também vários outros ramais, que se juntam próximo a Águas da Prata. Os mais longos são os ramais de São Carlos e Sertãozinho, que tem, respectivamente, 536 km e 571 km, no total.

Eu pedalei um trecho do Caminho da Fé (entre Águas da Prata e Campos de Jordão), que conto aqui nesse post do blog. Talvez seja o pedaço mais bonito e difícil, mas é possível faze-lo em 4 dias. Daria até para chegar em Aparecida nos mesmos 4 dias, mas é preciso estar em boa forma.

O site do Caminho da Fé é bastante completo, tem dezenas de relatos na internet e existe também um guia de cicloturismo do Antonio Olinto (link aqui).

 

Estrada Real (MG/SP/RJ)

Do site do Instituto Estrada Real

Fonte: Instituto Estrada Real

A Estrada Real é a maior rota turística do país. São mais de 1.630 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.  A sua história surge em meados do século 17, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real. — tirado do site do Instituto Estrada Real

A ER conjuga muitas coisas que todo cicloviajante busca: boa sinalização do percurso (os famosos totens), paisagens naturais belíssimas, cidades históricas, povo acolhedor e muitos quilômetros para se pedalar. Esses caminhos cruzam os mares de morros de Minas Gerais (que deve conter uns 80% da ER).

O site da ER, mantido pelo Instituto Estrada Real, é bem completo e fácil de navegar. A ER pode ser percorrida em qualquer sentido, mas normalmente as pessoas fazem no sentido Norte-Sul (ou Oeste-Leste, para o Caminho Novo).

O que as pessoas chamam de Estrada Real na realidade são 4 caminhos diferentes:

Caminhos dos Diamantes

O caminho tinha a intenção de conectar  Ouro Preto à principal cidade de exploração de diamantes, Diamantina. Fiz esse caminho de bike em 2013, tendo o relato detalhado aqui nesse post.

Saindo da bonita Diamantina, a ER vai por regiões de campos rupestres de altitude com bastante subidas, muitas vezes passando muitos quilômetros por regiões isoladas. Uma coisa preocupante é que vários trechos estão sendo asfaltados, tirando muito da beleza da ER.

O Caminho dos Diamantes tem um guia de cicloturismo muito bem elaborado e útil, escrito pelo Antonio Olinto.

Existem algumas opções de caminho diferentes, principalmente entre Serro e Conceição do Mato Dentro, onde o caminho oficial não é a Estrada Real histórica. No meu post e no guia do Antonio Olinto tem mais detalhes sobre isso.

Com o acidente e destruição do vilarejo de Bento Rodrigues, é necessário tomar uma rota alternativa para ciclistas, caminhantes e cavaleiros de Santa Rita Durão até Camargos.

 

Caminho do Ouro (ou Velho)

Também chamado de Caminho do Ouro, foi o primeiro trajeto determinado pela Coroa Portuguesa e liga Ouro Preto a Paraty. Junto com o Caminho dos Diamantes, é o trecho mais popular e percorrido por cicloturistas na ER, com muitos relatos na internet.

Diferentemente do Caminho dos Diamantes, esse caminho passa por trechos com mais verde, já na parte da Serra da Mantiqueira, cruzando regiões mais povoadas de Minas, SP e RJ.

Um cuidado importante a ser tomado no Caminho do Ouro são os “mata-ciclistas”, versões dos mata-burros em que as barras são colocadas no sentido da estrada e que podem causar acidentes feios.

Também tem um guia de  cicloturismo do Antonio Olinto, com o link aqui.

 

Caminho Novo

Criado para servir como um caminho mais seguro ao porto do Rio de Janeiro, principalmente porque as cargas estavam sujeitas a ataques piratas na rota marítima entre Paraty e Rio.

Não é tão famoso e percorrido como o Caminho do Ouro e mas dá para encontrar relatos na internet de quem já o fez.

 

Caminho do Sabarabuçu

O mais curto e menos conhecido dos caminhos da ER. Liga Cocais a Glaura, distrito de Ouro Preto. Com é em Minas, não faltam subidas para os 160 km.

Aqui tem um excelente relato de 2018 do Miura: zaponeis.wordpress.com/2018/05/06/sabarabucu-2018/

Vale Europeu (SC)

Circuito Vale Europeu

Este circuito foi um projeto das prefeituras com o Clube de Cicloturismo do Brasil, com o objetivo de criar um roteiro de cicloturismo nos municípios de Timbó, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio, Dr. Pedrino, Rio dos Cedros, Benedito Novo e Apiúna. É um roteiro circular e, normalmente, a cidade de Timbó é escolhida para ser a base.

O Vale Europeu talvez seja hoje a rota de cicloturismo mais popular e também a mais oferecida por agências no Brasil, ou seja, o mais comercial deles. O outro lado da moeda é que ouve-se muitas reclamações sobre o alto preço das acomodações no roteiro. O Circuito Vale Europeu corre o risco de levar o “Troféu Nutela” da categoria. 😉

 

Circuito Costa Verde e Mar (SC)

Circuito Costa Verde e Mar

Circuito Costa Verde e Mar

O Circuito Costa Verde e Mar junta trechos de praia com serras com mata atlântica. O site é bem organizado também.

Texto de divulgação do site:

O Circuito Costa Verde & Mar traz a possibilidade de conhecer de bicicleta um dos mais recortados e belos litorais do país. Passa ainda por tranquilas cidades do interior, com matas preservadas e rios com belas cachoeiras.

Este roteiro é repleto de atrativos naturais, históricos e também gastronômicos e culturais. A paisagem é bem variada, alternando entre altos de serras a planaltos ou vales de rios. A Mata Atlântica é bem preservada, mesclada com florestas de imponentes e belas araucárias.

 

 Circuito das Araucárias (SC)

Rota das Araucárias

Os catarinenses pegaram gosto por organizar circuitos de cicloturismo, o que é ótimo.

O Circuito das Araucárias fica numa região vizinha ao Circuito Vale Europeu, com características semelhantes, sendo 10 Continuar lendo